Ele voltou, trazendo de uma só vez todas as lembranças da
melhor época da minha vida. Naquela época eu era tão depressiva quanto agora e
talvez por isso não tenha sido capaz de perceber o qual maravilhoso era o
momento que eu vivia e a presença dele. Eu não soube valorizar até perder, e
não soube perceber que ele, a aura que existe na presença dele era oque eu
sempre busquei, até reencontrar. Não sei se me arrependo por não ter
aproveitado e mantido tudo o que tínhamos, porém eu acredito que pela nossa imaturidade
tudo teria se perdido quaisquer fossem os caminhos, mas também não sei foi satisfatório
todo o tempo que estive longe dele. Eu não pude estar com ele nos momentos em
que ele mais precisou de mim e isso me acertou como um murro no peito e me
tirou o ar enquanto ele me contava, eu quis me agredir, implorar desculpas por
ser tão relapsa ao sofrimento dele, mas eu apenas respirei fundo e olhei firme
pra ele esperando que pouco de força que eu tenho pudesse consola-lo por todo
tempo que eu estive ausente.
Ele mudou. Ele ainda é sensível, mas possui uma grossa
camada de cicatriz de todas as pancadas que ele levou. Eu me odeio por ter
vivido oito anos achando que ele simplesmente me esqueceu, e que estava muito
feliz. Eu me odeio por não ter valorizado no momento certo a pessoa que ele
sempre foi, eu estava muito deslumbrada com uma mentira reluzente.
Mesmo agora é um reencontro com um adeus. Eu queria tanto
saber o que fazer para não ter arrependimentos de novo, mas a presença dele faz
eu me sentir a mesma garota de oito anos atrás. Eu queria ser a pessoa, talvez mulher
que ele merece e precisa. Mas ele me disse oi com gosto amargo de adeus.
Eu não consigo parar de ouvir nossas musicas, eu busco tudo
que é possível a respeito dele, vasculho tudo que posso a respeito da vida dele,
como que procurando absorver todos esses anos dentre as musicas, as fotos, os
filmes, tudo a respeito dele.
Mas mesmo agora eu sinto que ele é como uma onda quente e
forte que me derrubou, mas que lentamente está me deixando e se afastando cada
vez mais. Eu espero que um dia essa mesma água retorne e que eu esteja prepara
pra ir junto e nunca mais soltar. Mas esperar um destino incerto é tão
doloroso, não deixarei a presença dele se afastar nunca mais. Nele é que eu
encontro meu único ponto de referência de mim mesma, não quero voltar a vagar
na praia.