quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

desvaneios

Frente a casa de minha avó, do outro lado da estrada há uma floresta densa, com apenas uma pequena trilha , com árvores altas e escuras de copas frondosas, com outras plantas menores parecendo se apoiar nas mais fortes. Bom.. pelo menos assim que eu me lembro. Quando pequena eu temia muito aquela floresta. Uma vez entrei mais além do que tive coragem, espírito adolescente querendo ser maior que o medo. Um silêncio incrível fazia la dentro eu me recusava a tirar o olhar da trilha, puro medo. Medo de me perder, medo de cair,visto que manter equilíbrio nunca foi uma coisa muito fácil pra mim.
Quando o silêncio dominava tudo, vi um grande tronco caído no meio da minha trilha. Me sentei ali e me virei de frente para o caminho de onde viera. Os únicos sons naquele lugar era do vento passando nas copas muito acima da minha cabeça e de poucos pássaros que eu não conseguia enchergar. Fiquei bom tempo deslumbrando o silêncio e minha falsa coragem de ir tão longe. Observei que a floresta havia escurecido mais, e ouvi um barulho parecendo chuva em algum lugar, mas não me molhava, talvez por causa das árvores. Me levantei para voltar procurando a trilha, por um momento eu não encherguei mais a trilha e o desespero tomou conta de mim a ponto de eu conseguir ouvir meu coração descompassado. Talvez pelo próprio medo meus olhos não me permitissem enchergar perfeitamente a trilha, era como se houvessem várias pequenas trilhas na minha frente. Mas o orgulho era forte. Apesar da grande vontade de correr pra encontrar a luz apenas caminhei rápido para frente. Senti que estava demorando mais do que o tempo que levei para entrar na floresta , o caminho errado talvez!? Mas quando acelerei mais o passo quase correndo , consegui ver a claridade entre alguns toncos mais a frente. E finalmente consegui ver a casa de minha avó. Não contei a ninguém onde estava, nem o que aconteceu. Cresci com vontade de voltar até a floresta e ir mais longe, passar mais tempo sozinha com meus desvaneios.
Nunca deixei de ter medo, nem de cair, nem de estar sozinha, nem do escuro, nem da chuva, nem animais, monstros, humanos... mas enfrento todos. Ao menos com minha falsa coragem, me engano muito bem.