terça-feira, 27 de julho de 2010

Inverno silencioso

Me deitei após um banho quente. Escondendo lágrimas que eu queria mostrar. Me encolhi. Me abracei. Tentando sufocar o sentimento que queimava em meu peito.
Adormeci em pensamentos.

                                                                                     ***

Acordei silenciosa e me sentei em frente a janela. Não para prestar atenção em nada do lado de fora. Sentei apenas para apreciar o calor do café em minha chícara. Mas pensamentos circulavam abafados em minha mente. Pensamentos receosos de serem mostrados.
O céu num branco nublado, que refletia pura luz, irradiando uma dor fininha em meus olhos.
Acariciei meus cabelos, como se isso pudesse fazer cair um pouco dos pensamentos dentro da minha cabeça. Acariciei como se pudesse confortar a mim mesma. Como se a mão que sinto não fosse minha por um segundo.
A música cubana suave ressoa em meus ouvidos. A falta queima meu peito. A tristeza molha meus olhos. A vida anda tão parecida com o que era antes... O meu sol está escondido atraz das nuvens. As nuvens são doloridas, e eu não imaginei que seriam tão densas assim.
Sem o sol as feridas doem, não secam. As lágrimas são flocos de neve que sempre aparecem nessa estação.
Só me resta acreditar que o sol não se apaga e esperar que o tempo passe e cure.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Vida avessa.

Desde o começo eu nunca soube muito bem onde isso me levaria. Nem sei se queria realmente ser levada. Tudo bem, você pode me dizer que todos são assim. Mas eu não sou. Eu sempre quis alguma coisa, ou não queria nada. E quando eu queria, eu queria. E não importa tempo, tudo se concretizava.
Mas isso eu comecei de forma errada, ou de forma contraria ao meu costume. Me deixei levar... De verdade confesso que eu não queria. Mas fui me envolvendo, me levando e me enganando que queria sem querer. Eu me enganei por prazer. “Prazerzinho” confortável. Então me perdi nessa linha tênue , afinal eu queria ou não?! Já não sabia mais. Para não ficar dúvidas, decidi que queria. Mas certeza de nada tinha.
O tempo passando, meu Deus como o tempo passou. Agora conto cada gota de chuva. Cada suspiro meu. Cada música. Cada traço de pessoas nas ruas que me fazem lembrar. Cada tampinha de garrafa. Cada foto e sorriso sincero.
Meu sorriso ficou mais sincero. Não era pra ser ao contrário?! Quanto mais você vive mais triste você fica? Achei que era assim com todos. Mas não me permiti ser assim. Acho que nunca fui como todos. Tive um infância um tanto quanto platônica, acredito eu que infância é a base do que nos tornaremos. Quis me desprender essa “platônice” e me rebelei. Fui rebelde, daí cansei. Encontrei a linha azul-piscina dos seus olhos. Me admirei com cada detalhe do seu ser que me apresentou. Cada linha daquele olhar me contava contos encantados que eu admirada tenho prazer em assistir. Fui ficando encantada como uma criança que vê um mundo de fadas, gatos de botas e tantos outros animais coloridos e falantes.
Algo em mim foi se iluminando ao longo do tempo. E mesmo que as vezes eu tenha crises do sofrimento adulto, eu tenho em mim alma de criança. Alma de menina maluquinha que rouba um pouco de carinho e sai correndo mundo a fora.
Minha meninice me faz olhar ao sol, só para sentir a luz penetrar pelos olhos, sentir tudo mais iluminado mais claro. Me faz olhar todos os dias para aquela casa que tem um monte de gatos. Ah, como eu queria entrar lá um dia! Me faz sorrir pra e fazer brincadeiras bobas e travessas como uma menina que eu não fui.
Então percebi que minha vida é um pouco desorganizada. Estou vivendo que deveria ser quando criança. Fui uma criança velha, platônica, quieta, calma. Fui uma adolescente jovem. E de resto apenas espero pra ver. Sinto em mim, toda vida pulsando. Toda calma sorrindo. Toda alegria carinhosa.

E tudo sempre será como tem que ser.