sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

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Seus olhos procuravam incansáveis algo em que se fixar. Senta a janela do ônibus e observa atentamente a cidade, o compassar descompassado das pessoas caminhando, a correria, os outdoors, as luzes, as cores. E observava aquilo tudo com olhar julgador, os sorrisos eram tão escassos que chegou a imaginar que a importância de uma foto não é a beleza, e sim eternizar um momento de felicidade já que se é uma coisa pouco vista. Chegou a notar alguns olhares em sua direção, mas os ignorava agora.
Turbilhões de pensamentos, e ainda ficava tentando imaginar a vida de alguns. E se lembrava de sua própria vida. Problemas , procurava esquecer, pelo menos os seus, pelo menos agora.
Sentia até mesmo um certo desconforto em pensar que poderiam estar tentando imaginar seus pensamentos, é bom poder se reservar ao menos eu seus próprios pensamentos.
Se tortura ao pensar que poderia estar errando, um suspiro e tentava voltar aos outros a sua volta.
Pensava na noite passada, o cheiro ainda estava em sua pele. E as lembranças de coisas que aconteceram e de coisas que gostaria que tivessem acontecido, se misturavam formando um aperto no peito.
Toda vez que fechava seus olhos, lembrava daqueles outros olhos, verde-azulado-avermelhado.
Desceu e sentou-se na primeira mesa que viu no canto mais escuro do bar. Fumou como se aquele pudesse retirar tudo de dentro de si. A escuridão agora não lhe atrapalhava, podia ver perfeitamente todos e pouco podia se ver de sua mesa.
Alguém se aproxima e senta eu sua mesa, diz alguma coisa mas a musica e o burburinho não permite ouvir uma voz em tom tão baixo. Em fim, olha quem era aquela pessoa ousada, por um momento chega-se a ver os olhos verde-azulado-avermelhados, não consegue mais enchergar quem é. Mas a pessoa se volta e diz “- a lagoa é sua!” .
Estava espandada agora, era novamente aqueles olhos, e tinha certeza. Não disse nenhuma palavra e o impressionante estranho se levanta e diz: “-Agora vamos !". Os dois deixam o bar. Ela não pensava mais em nada.


d-_-b => How Soon Is Now (Italian William) - the Smiths

Um comentário:

Anônimo disse...

Seu melhor post até agora.
Sentimento. Sentimento não nomeado nem descrito. Sentimento aberto, espalhado, preenchendo todas as lacunas, as entrelinhas do texto.

Gostei!