terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

A vida é sonho. A realidade é um pedaço da morte.

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Ontem estava com o coração tão apertado. Coisas estranhas me aconteceram. O passarinho da minha irmã morreu, e teve como último aconchego minha mão. Quando coloquei ele novamente na gaiola, ele morreu. Criatura tão frágil quanto minha irmã, meu pequeno pedaço de gente. Ela chorou, chorou e chorou, e de alguma forma isso mecheu comigo. Ontem minha mãe me falou, por entre lágrimas que dia 12 agora , é (era, seria) aniversário da minha avó. . .
Ontem acabei de ler “Ana e Pedro”, livro bonito que eu começava a ler e não tinha paciência de terminar. Mas ando um bom ser. Em parte, é claro. Mas ando sendo, eu.
Voltei a escrever cartas e não entregá-las aos donos. Talvez por inspiração do livro. Sei-lá. Eu sempre faço essas coisas sem sentido. Eu vivo, meio que sonhando acordada, sofro muito com os pés no chão. “A vida é sonho. A realidade é um pedaço da morte.”dizia o livro.
É impressionante como as coisas acontecem comigo. Me disseram que o tempo curaria a dor de perder minha avó. Engano. O tempo não me curou. Me tornei apenas uma pessoa mais estranha. Mais triste. Difícil de compreender. Acho que ninguém até hoje conseguiu me confortar tão bem quando o livro. Acreditam? Um livro me confortou. E ele dizia assim:
“A gente nunca imagina que nossas pessoas um dia morrem. A morte é tão natural para os outros, mas é terrivelmente dolorosa para com amigos e parentes. Morrer é inevitável. É palavra que se evita mas não há meio de ignora-lá. Melhor pensar que somos adubos, sementes, folhas, raízes e futuras árvores. E que depois do inverno vem a primavera e a promessa de festa no coração.
Seu pai [imaginei minha avó(!)]era própria natureza e deve estar agora cumprindo seu ofício de pássaro. (...) 'Quando um homem vive de acordo com a natureza passa a encaram a morte como parte da vida, vê as folhas caírem e apodrecerem para preparar o solo para outras árvores e plantas crescerem. As folhas captam energia do sol e da chuva, vivem dela, e depois devolvem-na ao solo quando morrem. Sua vida é apenas tomada emprestada das outras coisas; usam pequenas parcelas de sol, terra e chuva por algum tempo e as devolvem com a chegadada morte. E o ciclo recomeça, infinitamente.'(Do livro A Montanha do tesouro, de Louis L'Amour).”
Tão apaixonantemente bonito e simples. Me sinto melhor e com sede de amigos. Do amor de minha avó por mim, fica a certeza. Minha árvore amada. Vou te encontrar.



d- -b -> Nothing In This World – Paris Hilton

Um comentário:

Unknown disse...

agora fiquei com medo. Você lei Ana e Pedro!
No comentário anterior cito o livro que pedro começa a corespondência.
Não li o livro ou vi o filme. Fiqeui sabendo deles por Ana e Pedro. Lindo o livro.
Gosta de caqui?
E de camisetas?

Parando de desconversar. No dia que inventarem um método para a morte ser mais fácil de superar euquero um Mas não essas auto ajudas vagabundas que pensam que todo mundo tem vocação para santo, profissional de sucesso cidadão respeitável.
bj